Com o crescente movimento de autoridades e governos para regulamentar a criptoeconomia e preparar seus mercados para a chegada de uma nova fase do sistema financeiro, é importante que os mitos sobre o uso desse tipo de ativos sejam desvendados.

Casos isolados que ganharam espaço no noticiário, como o colapso de empresas do setor ou até o uso de criptomoedas para atividades ilícitas, podem alimentar falácias sobre os ativos digitais e afastar instituições que poderiam se beneficiar das vantagens oferecidas por essa indústria. No último ano, apenas 0,24% das transações feitas com criptomoedas foram ilegais, segundo o Crypto Crime Report da Chainalysis.

 

É importante sinalizar que questionamentos sobre o funcionamento e segurança das criptomoedas são válidos e bem-vindos - por sinal, é fundamental que as empresas que desejam abraçar a criptoeconomia estejam bem informadas e disponham de times capacitados e com conhecimento sobre o setor.

Porém, a tecnologia na qual as criptomoedas são operadas, a blockchain, tem se provado segura e demonstrado potencial de democratizar as finanças, aumentar a transparência e reduzir os custos de fazer negócios em todo mundo. Players do sistema financeiro não deveriam deixar de usufruir dessas vantagens por conta de rumores.

Diante disso, instituições financeiras e os reguladores devem concentrar esforços nos riscos certos e nas preocupações verdadeiras ao avaliarem as oportunidades oferecidas pelos ativos digitais.

Por exemplo, é um erro acreditar que a proposta das criptomoedas é substituir definitivamente as moedas fiduciárias tradicionais, como o real e o dólar. Na Chainalysis, acreditamos que a blockchain revolucionará a troca de valores tanto quanto a internet revolucionou a troca de informações. Mesmo neste cenário, há espaço para as finanças tradicionais uma vez que as organizações governamentais ainda necessitam exercer alguma influência sobre suas economias.

Além disso, os negócios são obrigados a aceitar pagamento em moedas tradicionais, o mesmo não ocorre para criptomoedas. Fatores culturais e psicológicos também devem ser levados em conta nesta análise.

Também é ilusório acreditar que as criptomoedas não podem se integrar ao sistema financeiro tradicional. Grandes instituições têm voltado os olhos para a criptoeconomia e disponibilizado novos produtos baseados em blockchain a seus clientes institucionais e do varejo.

Além disso, bancos e empresas de cartões de crédito têm se aliado a organizações do setor em diversos mercados. A exemplo disso, podemos citar a Associação Brasileira de Criptoeconomia - que tem recebido como membros associados os principais players do mercado, como Visa e Itaú Unibanco -, e o americano BNY Mellon, instituição financeira mais antiga dos EUA, que se tornou o primeiro banco no mundo a oferecer custódia de criptomoedas.

No Brasil, os criptoativos são utilizados, principalmente, como modalidade de investimento - conforme a Chainalysis indicou o levantamento A Geografia de 2022 do Relatório das Criptomedas. Muitas pessoas acreditam que investir em criptomoedas é extremamente complexo, mas essa classe de ativos pode representar apenas uma pequena fatia do portfólio do investidor - principalmente em um mercado no qual as criptomoedas têm ganhado popularidade. Segundo um levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), mais de 6 milhões de brasileiros investem em criptomoedas.

A base regulatória aprovada pelo Congresso Brasileiro e as normas que estão sendo definidas pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) devem potencializar a chegada de novos investidores e usuários de criptomoedas. As instituições financeiras que desejam atender essa crescente demanda podem contar com empresas parceiras que já atuam na criptoeconomia e estão dispostas a ajudá-las nesta jornada. Essa nova fase da economia já é uma realidade, e as empresas que se preparem para tal com antecedência estarão melhor posicionadas no mercado.

Fonte: exame