Mastercard lança iniciativa para facilitar transferências de criptomoedas e aumentar segurança

Por 04/05/2023
04/05/2023


A Mastercard lança nesta sexta-feira, 28, o Mastercard Crypto Credential, um sistema que busca padronizar as informações requisitadas para usuários e empresas operarem em corretoras de criptomoedas e outras companhias do setor, trazendo mais segurança para o ecossistema e facilitando transações. O projeto começará a funcionar na América Latina e nos Estados Unidos.

Em entrevista exclusiva à EXAME sobre a iniciativa, Walter Pimenta, vice-presidente executivo de produtos e engenharia da Mastercard para a América Latina e Caribe, destaca que a região é atualmente "a mais quente" em termos de trocas de ativos digitais. Para ele, existem três grandes grupos que mobilizam o setor: "os investidores que buscam retorno no curto, médio e longo prazo, os consumidores em países com inflação alta, como Argentina e Venezuela, que focam em stablecoins e os bancos centrais trabalhando em CBDCs, como o Real Digital".

Ele destaca que o gigante de meios de pagamento notou um crescimento nesse interesse mesmo durante o chamado "inverno cripto", quando o mercado registrou forte desvalorização. Entretanto, o mercado ainda enfrenta uma forte desconfiança, em especial de um público "menos entusiasta" e com menos conhecimento sobre as criptomoedas.

Pimenta atribui essa desconfiança, por um lado, às crises de liquidez e falências de exchanges nos últimos anos. Por outro lado, há um fator histórico: "a associação que sempre existiu entre criptoativos e financiamento de atividades ilícitas, tráfico, lavagem de dinheiro". Ele afirma que essa questão tem evoluído e sendo superada, mas ainda há mais para ser feito.

Padrões globais

E foi pensando nisso que a Mastercard desenvolveu o Crypto Credential. A ideia é realizar uma padronização dos mecanismo de KYC de exchanges e outras empresas que permitem transações de criptoativos por redes blockchain. A sigla significa "conheça seu cliente", e representa uma série de informações que são requisitadas para garantir a autenticidade do usuário e evitar fraudes e transações ilícitas.

"Em linhas gerais, é framework de verificação de dados. Pensando no mundo de cartões, a Masteracrd tem regras bem definidas para todos os emissores que participam do ecossistema para que autentiquem quem abre uma conta bancária, seguindo regulações de cada país e critérios da própria Mastercard para emitir cartões, e isso dá segurança para evitar lavagem de dinheiro, uso para transações ilícitas", explica o executivo.

A ideia é trazer esses padrões, realizando as devidas adaptações, ao universo das criptomoedas, garantido o "mesmo nível de cuidado, de segurança, ao verificar consumidores e empresas que tenham contas com essas exchanges. Queremos trazer mais segurança para o setor, padrões globais para que as exchanges que participem possam ter um nível a mais de segurança. A fragmentação da regulação em cripto faz com que as regras em cada país mudem. Os nossos padrões criam um nível de segurança comum, é bom para empresas e reguladores".

Pimenta avalia que a padronização também vai ajudar as empresas do setor a reduzirem preocupações de reguladores, tanto em jurisdições que já possuem legislações sobre o tema — caso do Brasil — quanto em países que ainda discutem o assunto. Na visão dele, como a Mastercard já trabalha há décadas para se adequar às regulações de diferentes nações, a passagem desses padrões para o mundo cripto foi facilitada.

O projeto já começa com a adesão das empresas Lirium, Bit2Me, Mercado Bitcoin e Uphold, assim como de organizações de redes blockchain públicas — Aptos Labs, Ava Labs, Polygon e The Solana Foundation — que incentivarão a adoção a esses padrões por parte de seus desenvolvedores de aplicativos. A ideia também é aumentar a verificação em "NFTs, emissão de ingressos, empresas e outras soluções de pagamento".

Trocas internacionais

Além dos padrões de KYC, a iniciativa da Mastercard também envolve uma adequação das movimentações em blockchain para o cumprimento de regras de transações internacionais, o que "habilita uma série de casos de uso, como transferências internacionais, o que é muito interessante para América Latina, que tem dois dos cinco maiores corredores do mundo de transferências internacionais".

Pimenta diz que as criptomoedas possuem um "apelo muito grande" para transações transfronteiriças, mas ainda enfrentam a dificuldade de se adequar às regras da área, em especial o fornecimento de informações. A ideia é que o Crypto Credential consiga superar essa questão, permitindo que os ativos digitais sejam cada vez mais usados.

Outro objetivo da empresa com o projeto é tornar as transferências mais simples. Como explica Pimenta, "hoje, se quer enviar um bitcoin para alguém, precisa passar um endereço de blockchain, um conjunto grande de número e letras, e aí precisa entrar com esse endereço na carteira e enviar para você. O desafio nesse processo é que é difícil identificar a pessoa pelo endereço, e se erra um carácter, erra a transferência e não consegue recuperar".

"A partir do momento que as empresas estão aderentes [ao projeto da Mastercard], cumprindo com esses requisitos, a gente pode habilitar um 'apelido' de blockchain que simplifica transferências de criptomoedas entre pessoas e empresas. Ao gerar esse apelido, a identificação fica mais simples. Os parceiros conseguem usar endereços mais simples, como o próprio nome da pessoa, para identificar visualmente", comenta o executivo.

Adesão às criptomoedas

A Mastercard se tornou nos últimos anos uma das empresas tradicionais do mercado com maior receptividade ao mundo das criptomoedas e, principalmente, à tecnologia por trás delas: o blockchain. Walter Pimenta destaca que a companhia "é muito entusiasta da tecnologia blockchain como algo que pode revolucionar e aportar muito valor a modelos de negócios existentes, e vai muito além de criptoativos".

A empresa tem investido na área desde 2015 e atualmente possui mais de 100 patentes aprovadas ligadas à tecnologia. "A estratégia da Mastercard sempre foi trazer aos consumidores a escolha de pagar no ponto de venda o que for melhor no contexto da compra, pode ser o cartão tradicional, mas também saldo em conta, infraestrutura de Open Banking, temos investindo em todas essas áreas. E temos visto consumidores e investidores do ecossistema cripto que querem usar ativos digitais em pontos de venda", explica o executivo.

"Ficou claro que habilitar o uso do ativo digital em ponto de venda era super importante. Daí as parcerias com empresas de cripto para que pudessem emitir cartões Mastercard para que eles passassem a ser a ponte entre o mundo de blockchain e a aceitação física [das criptomoedas]", destaca Pimenta.

Nesse sentido, ele ressalta que o Brasil "está entre os grandes países em contexto de volume de negociação de ativos digitais. É um mercado que vê um crescimento muito grande de DeFi, é maduro no contexto de criptomoedas, e tem muito do crescimento atrelado aos entusiastas do setor".

Para ele, a tendência é que a regulamentação do setor, aprovada com uma lei em 2022, ajude o Brasil a avançar ainda mais nessa adesão, já que ela tende a trazer "proteção ao consumidor, claridade de regras. A lei vai trazer as criptomoedas para mais perto dos consumidores mainstream. E a solução da Mastercard fala com esse público, trazendo medidas padrão, mais segurança e simplificação, atingindo um público mais geral".

O objetivo final da empresa, pontua Pimenta, é "trazer algo para que cripto seja adotado de forma mais ampla, com casos de uso para consumidores menos entusiastas, menos focado em investimentos".

Fonte: exame

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