Mudanças no Twitter devem beneficiar criptoativos

Por 03/11/2022
03/11/2022


Investidores e entusiastas ligados aos criptoativos ficaram animados na semana passada quando houve o anúncio de que o bilionário Elon Musk concluiu a aquisição do Twitter. Para esse grupo, as mudanças que o empresário promete colocar em prática devem beneficiar o segmento, aumentando sua adesão e casos de uso.

Antes da compra ser concluída, Musk já havia comentado em entrevistas, publicações nas rede sociais e outros canais alguns dos seus planos para a rede social, uma das maiores do mundo. Dentre as possibilidades, estavam medidas como a criação de carteiras digitais ligadas ao site e o uso da criptomoeda dogecoin em transações.

A animação desse segmento está ligada também à participação que o setor de criptoativos teve nesse processo. A maior corretora de criptomoedas do mundo, a Binance, contribuiu com US$ 500 milhões dos R$ 44 bilhões usados na aquisição.

O CEO da empresa, Chanpeng Zhao, reconheceu que a quantia era mais simbólica, mas que ela representa a disposição da exchange de ajudar Musk a integrar o mundo dos criptoativos ao Twitter. A FTX, segunda maior corretora do mundo, também demonstrou interesse na aquisição, mas não concretizou uma participação.

Nesse cenário, especialistas avaliaram à EXAME que as mudanças que Musk sinalizou para o Twitter até o momento tendem a ser positivas para os criptoativos, por mais que ainda esbarrem em dificuldades, como o próprio convencimento dos atuais usuários a aceitar as alterações na rede.

Novidades no Twitter

Os planos de Musk não representam exatamente uma guinada na estratégia do Twitter. Gustavo Broda, diretor de tecnologia da plataforma StartSe, lembra que a rede “já vinha com estratégias para olhar para o mercado de cripto, não só nas moedas mas também mais à fundo, pensando em Web3, descentralização”.

Por isso, ele espera que o bilionário aprofunde esse movimento, que contou com etapas importantes como a aceitação de bitcoin e ether para pagar “gorjetas” a criadores de conteúdo e a integração com carteiras digitais para usar tokens não-fungíveis (NFTs, na sigla em inglês) como fotos de perfil.

“Acho que o caminho é transformar o Twitter em uma plataforma mais descentralizada, e deve provavelmente começar a recompensar criadores de conteúdo com criptoativos, tanto criptomoedas quanto NFTs, até para gerar relevância pra rede”, ressalta Broda.

Para o diretor, as medidas seriam uma forma de lidar com os dois pontos mais criticados por Elon Musk: o excesso de “bots”, contas não controladas por humanos, e uma baixa qualidade do conteúdo na rede atualmente.

Outra mudança que ele espera, e já foi parcialmente implementada na mesma semana da conclusão da aquisição, é a transformação do Twitter em um ambiente de negociação de criptoativos, em especial NFTs, a partir da conexão com marketplaces.

Broda aposta em conexões do Twitter com sites de criação de imagens via inteligência artificial, permitindo a “criação de arte digital, transformação em NFT e então a sua negociação”.

Ele acredita que a posição de Musk contrária à integração do Twitter à tecnologia blockchain – compartilhada em mensagens tornadas públicas – é “um blefe”, já que o movimento será necessário “pensando na descentralização” da rede social. “Não tem como fugir da Web3”, defende.

A expectativa dele é que usuários mais ativos do Twitter entrem na onda das ideias de Musk e aproveitem a remuneração por criação de conteúdo. Já aqueles que usam a rede “para consumir notícias, se atualizar, sem criar conteúdo, ficam mais em um mundo especulativo, de entrar pra ver se ficar milionário, mas o objetivo da rede não vai ser esse”.

As iniciativas de Musk deverão ser diferentes das do Facebook, que chegou a tentar criar uma criptomoeda própria, a Libra, mas desistiu do processo, segundo Ricardo Dantas, CEO da exchange Foxbit.

“É um cenário diferente do Facebook porque o próprio Elon Musk já é um CEO muito mais arrojado, afeito a riscos, desafiador. Tem a questão do timing também. O Facebook fez esse movimento bem antes do último mercado de alta, então as criptos não estavam tão populares quanto estão hoje”, observa.

Dantas vê uma abertura muito maior no mercado a iniciativas envolvendo o setor, mas ao mesmo tempo aponta um espaço não explorado na integração entre redes sociais, meios de pagamentos e criptomoedas. Mesmo aceitando transações financeiras, o Facebook e o Whatsapp não usam ativos digitais.

“Eu acho que ele vai inserir opções de pagamento no Twitter, e usando criptomoedas. O Jack Dorsey [fundador do Twitter] também é adepto a criptomoedas, sempre foi um grande defensor do bitcoin, e acho que esse espaço, ser um superapp em criptomoedas, está bem em aberto”, afirma.

Para isso, ele acredita que as negociações e uso de NFTs na rede serão um “primeiro passo”. Citando a ideia ventilada por Musk de cobrar mensalidades para serviços premium na rede, incluindo o famoso selo de verificação de conta, ele defende que “a hora de fazer grandes mudanças é agora. É uma forma de rentabilidade para o Twitter, provavelmente vão começar a cobrar em cima de produtos ligados a isso. Existem muitas oportunidades”.

Fonte: Exame

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